DE "DEU EM DÉU"
DE “DÉU EM DÉU”
Se eu
pudesse voltaria ao passado, sem nenhum receio. A saudade me empurra para lá,
pois deixei a casa dos meus pais com dezessete anos e meio. Disso não falo com
saudade, eu era ainda um menino, em tenra idade. Saí. Saí em busca de bens
materiais. Consegui, mas perdi a doce convivência com os meus pais. Hoje,
vislumbro os bens adquiridos, mas trago no peito um coração sofrido. E tirar os
meus pais de dentro da saudade, não consigo. Vivi pouco tempo com eles, não
cantei no coral da felicidade que eles nutriam, e saí de “déu em déu”, em busca
de vida abastada, mas não me compensou o que eu encontrei.
Deixei o
teto de amor que os meus pais me ofereciam, e me sobraram apenas lágrimas, e
muito já chorei. Hoje, eles moram no céu, e eu... (Ah, sim!) Eu? Eu vivo triste
com o meu coração vazio, administrando coisas mortas que não me levarão a lugar
nenhum, muito menos para aonde os meus pais se foram: a casa do Pai, que fica
no infinito, no céu. E eu?... Nem sei o que falar. Estou cansado de caminhar,
embora não pise forte como antes quando marcava o passo no compassado de rápido
tropel. Sem rota traçada, sem caminhos certos, sigo como antes, com passos
trôpegos e com os olhos lacrimejantes, de “déu em déu”.
Wenceslau da Cunha
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