AS FLORES E AS MULHERES
AS FLORES E AS MULHERES Hoje, eu amanheci meio cabisbaixo O sol, com preguiça, hoje, não saiu Do segundo piso, olhei para baixo Mirei o meu jardim, a roseira me viu Desci e fui aspirar das rosas o perfume As rosas, para mim, abriram um sorriso As outras plantinhas mostraram ciúme Eu sorri para elas, mas delas não houve riso Uma das plantas muito me surpreendeu Ao me ver, fez-me uma estranha brincadeira Fingiu murchar as suas folhas e se encolheu Depois descobri: ela era uma dormideira Como pode, até na flora há fingimento? Fui enganado pela planta que não dá flor Porém, bem finge, diante de um abalroamento Muita gente é assim: finge amar, sem ter amor Se o jardim todo engana a gente quando quer Coitados dos homens frente ao encanto feminino Diante dos artifícios de uma bela e sábia mulher Serão apresados por elas, como ingênuo menino Wenceslau da Cunha