TEMPOS IDOS
. TEMPOS IDOS
Não
sei por que eu sou eu? Pois não sei o que fazer comigo, e isso se traduz por um
duro castigo. Corri tanto para chegar onde estou, mas errei. Pois, às pressas,
dos amigos me distanciei e acabei chegando sozinho. Agora, desejo voltar, mas
para voltar perdi o caminho. E quando olho para trás, não vejo mais o caminho
que outrora pisei. O meu caminho de vinda era cheio de amigos, de abraços, de
sorriso e sonhos que sonhei.
Hoje,
não vejo os amigos, e para onde eles se foram eu não sei. Por vezes, penso que
eles tenham morrido como morreram todos os sonhos que eu sonhei. Agora,
resta-me o desencanto que me empurra para a solidão de um canto. Trago também
um aperto no peito, que não há remédio que dê jeito. E tem mais: trago no olhar
uma lágrima que não aceita ser secada e insiste deixar a minha face sempre
molhada.
Existem
lágrimas teimosas que vertem no meu rosto, todos os dias, e me provocam
tristezas e arrepios. Vertem com força, como verte da terra a fonte de um rio. Nem
sei se é lágrima de tristeza ou de lembrança. Só sei que como eu gostaria de
voltar a ser criança, e viver diferente à tenra idade, para quando chegar a
minha velhice, morrer sorrindo e não morrer de saudade.
Wenceslau
da Cunha.
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